O real foi a segunda moeda que mais valorizou frente ao dólar desde 20 de janeiro deste ano, quando o republicano Donald Trump voltou a ocupar a Casa Branca. A moeda brasileira subiu 5,72% desde então. No primeiro dia do governo Trump, o dólar valia R$ 6,03. Nessa quarta (19/2), fechou cotado a R$ 5,72. A cifra que mais subiu foi o rublo russo, com alta de 12,69%.
Além do rublo e do real, as maiores valorizações foram da coroa sueca (2,77%), iene japonês (2,73%) e libra esterlina (2,01%). Nos primeiros 30 dias de governo Trump, quatro moedas apresentaram variação negativa frente ao dólar. São elas: lira turca (-1,99%), rúpia indiana (-0,81%), won sul-coreano (-0,23%) e rand sul-africano (-0,14%).
Destaques sobre a variação das moedas
- Em 2024, o peso mexicano foi o vice-campeão de desvalorização frente ao dólar, com 16%.
- O rublo russo foi a quarta moeda que mais desvalorizou frente ao dólar em 2024, cerca de 12%.
- A maior cotação do dólar na história foi em 19 de dezembro de 2024, quando atingiu R$ 6,29.
Veja variação das moedas:
O Metrópoles consultou os dados de variações das moedas na plataforma Xe.com. Nos últimos 30 dias, entre as 20 moedas mais negociadas no mundo, o dólar perdeu força frente à maioria. Apesar disto, na maioria dos casos, a desvalorização da moeda norte-americana foi pequena.
No fim de dezembro de 2024, o real era a moeda que acumulava a maior desvalorização frente ao dólar, dentro do grupo das 20 mais negociadas: uma retração de 20,88%. O dólar começou o ano no Brasil valendo na casa dos R$ 4,80, e no dia 20 de dezembro, por exemplo, a moeda fechou valendo R$ 6,12.
No período de 2024, ao contrário do que aconteceu desde que Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos, o dólar se valorizara com vigor. Embora o real puxasse a fila da desvalorização frente ao dólar, no grupo das 20 mais negociadas, apenas o dólar de Hong Kong tinha uma valorização sensível, de 0,3%.
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Em 2024, além da valorização do dólar no mundo todo, fatores internos pressionavam pela desvalorização do real. Um deles era o receio do respeito ao arcabouço fiscal pelo governo federal, após o anúncio da isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.
O temor veio mesmo com a informação de que a medida valeria a partir de 2026, e com a promessa do governo de compensar a isenção com aumento na cobrança de imposto nos salários superiores a R$ 50 mil.
Fatores que influenciam queda do dólar
A queda do dólar tem relação com as ameaças de um “tarifaço” geral de Donald Trump. Os anúncios de que os EUA iriam impor divisas a parceiros comerciais, mesmo antes da posse, elevou as tensões nos mercados financeiros de várias partes do mundo.
Como consequência, o dólar subiu em um primeiro momento. No Brasil, sempre que Trump falou em taxar países, a moeda norte-americana teve alta. Isto levou a variações nos primeiros 30 dias do governo do republicano. À medida que as taxações de Trump, pelo menos até agora, não vieram no mesmo nível das preocupações das economias globais, a temperatura arrefeceu e a moeda tem desvalorizado ultimamente frente ao real.
Internamente, as vendas de varejo nos Estados Unidos perderam força, conforme as últimas estatísticas oficiais divulgadas. O possível desaquecimento da economia dos EUA é um sinal de que a inflação poderá arrefecer. Este fator reduz a pressão para que o Federal Reserv (banco central dos Estados Unidos) aumente os juros com a intenção de segurar o aumento dos preços.
O Federal Reserv tem demonstrado receio nas atas de discussão sobre a economia do país. O colegiado preocupa-se com o possível incremento da inflação. A flutuação da taxa em um patamar elevado pode levar à necessidade de segurar os juros – atualmente de 4,25% a 4,5% ao ano – ou até mesmo elevá-los. Juros altos nos EUA costumam atrair capital para lá e fortalecer a moeda norte-americana.