Famoso nos anos noventa, o brinquedo Tamagotchi marcou época com a criação do seu pet virtual. Passadas três décadas do lançamento do produto, os “bichinhos virtuais” se modernizaram e seguem sendo febre entre o público jovem.
Rede social mais usada entre o público jovem, o TikTok criou o seu próprio pet virtual para estimular a interação entre os usuários dentro da plataforma. O Streak Pet, mais conhecido como “foguinho do TikTok”, é um personagem virtual que o internauta pode manter com um amigo após determinados dias de interações seguidas.
Para fazer o streak pet nascer é preciso de no mínimo três dias de interação seguidos com um amigo no bate-papo do TikTok. Após acender o “foguinho” é preciso manter ele “vivo”. Para não deixar o pet virtual apagar, é necessário manter a conversa ativa diariamente.
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Os pets virtuais podem oferecer um tipo de afeto que, embora diferente do vínculo com um animal real, cumpre uma função emocional significativa. Segundo a psicóloga Flávia Borges Lucas, especializada no público infantojuvenil, essa relação é movida pela necessidade de conexão emocional e pelo ato de cuidar, que funciona como uma fuga da solidão.
“O pet real oferece uma conexão mais profunda, com aspectos sensoriais e cognitivos que não são replicados digitalmente. Mas, no fundo, ambos preenchem a mesma necessidade de cuidado e afeto”, explica a especialista.
Quanto maior a sequência, maior fica o “foguinho”. Também é possível interagir com o streak pet, além de nomeá-lo.
Todo dia o foguinho “acorda” congelado. Ele é acesso após a interação entre os usuários. Caso chegue ao final do dia e não haja a troca de mensagens o pet virtual desaparece, perdendo a sequência. Porém é possível restaurar a sequência até 48 horas, mas cada usuário tem um número limitado de restaurações.
A lógica do cuidado também aparece no TikTok, mas com um viés estratégico que retém o usuário na plataforma. O “foguinho” é, segundo Flávia, um mecanismo que ativa sensações de validação e recompensa. “Esse feedback instantâneo traz uma sensação de realização, quase como cuidar de um pet. É algo pensado para manter o engajamento e maximizar o tempo de uso, principalmente entre crianças e adolescentes”, destaca.
Porém, essa experiência aparentemente inofensiva pode trazer impactos negativos. Para Flávia, os vídeos curtos e a personalização do algoritmo potencializam o efeito da dopamina no cérebro, gerando um ciclo de engajamento extremo. “O problema é que, dependendo da vulnerabilidade do usuário, isso pode agravar sintomas de ansiedade, distúrbios de sono e outros transtornos. É essencial pensar em estratégias éticas e políticas de saúde digital para equilibrar os benefícios e os prejuízos dessas plataformas”, conclui.