A possível cassação do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) gera preocupação entre integrantes do Psol e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caso isso ocorra, Heloísa Helena (Rede-RJ), crítica do governo, poderá assumir a vaga, o que causa apreensão, em razão seu histórico de oposição e conflitos.
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Heloísa é conhecida por sua postura combativa e já concorreu à Presidência, em 2006, pelo Psol. À época, obteve 7% dos votos. Sua notoriedade e críticas frequentes ao governo preocupam aqueles que temem rupturas na aliança Psol−Rede. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Cassação de Glauber Braga e tensões políticas

A cassação de Braga tem relação a um processo liderado por Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados, que teria mobilizado apoio de líderes partidários para assegurar a perda do mandato do deputado do Psol.
Heloísa Helena manifestou solidariedade a Braga e classificou o processo como “escandaloso e desproporcional”. Além disso, enfrenta tensões internas na Rede, pois protagoniza disputas contra a ala ligada à ministra Marina Silva.
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Recentemente, a Rede elegeu Paulo Lamac como porta-voz, apoiado por Heloísa, enquanto Giovanni Mockus, da ala de Marina, ficou de fora. A suplente de Glauber também tem um histórico de conflitos com o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), o que agrava as tensões internas no partido.
Heloísa transferiu seu domicílio eleitoral de Alagoas para o Rio de Janeiro, depois de derrotas em disputas para deputada federal, em 2018, e vereadora, em 2020. Em sua estreia no Rio, sua candidatura foi a mais cara da federação Psol/Rede e gerou acusações de abuso de poder econômico por parte de correligionários.
Possível influência de Heloísa na Câmara


Se assumir na Câmara, Heloísa e Gadêlha seriam os únicos representantes da Rede, o que pode afetar a dinâmica interna do partido. O Psol tenta usar o perfil de Heloísa para negociações que evitem a cassação de Braga, de modo a aproveitar desavenças antigas com a família de Lira.
Arthur Lira, que já atacou Heloísa em campanhas eleitorais, é visto como fiador do processo de cassação do deputado esquerdista. No Psol, há a percepção de que a suplente, com sua postura incisiva, poderia ser mais desafiadora para a oposição do que Braga.
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Na última quarta-feira, 9, o Conselho de Ética da Câmara aprovou, por 13 votos a favor e 5 contrários, o pedido de cassação do mandato de Glauber. A acusação é sobre uma agressão ao integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costanaro, em abril de 2024. O processo segue para o plenário da Casa, mas depende de decisão de Hugo Motta para ser pautado, além de 257 votos favoráveis para ser aprovado.