• Home
  • POLÍTICA
  • Vereadores de Campinas são alvo de investigação por shows com cachês inflados

Vereadores de Campinas são alvo de investigação por shows com cachês inflados

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) conduz uma investigação sobre vereadores de Campinas que destinaram emendas impositivas para financiar shows com indícios de preços acima do praticado no mercado. A apuração começou no início de 2024 e envolve parlamentares que indicaram recursos para eventos contratados pela Secretaria Municipal de Cultura.

O portal Metrópoles divulgou que o setor técnico do MPSP identificou sobrepreço em pelo menos seis apresentações. Essas contratações utilizaram emendas de quatro vereadores. Os porcentuais de diferença variam entre 30% e 78%, quando comparados a contratos semelhantes em outras cidades paulistas.

+ Leia mais notícias de Política em Oeste

Relatórios do Centro de Apoio Operacional à Execução (Caex) demonstram a disparidade nos valores. A equipe técnica cruzou os dados dos contratos feitos em Campinas com os preços pagos por municípios como Aparecida, Tremembé e Pindamonhangaba, todos em São Paulo. As análises ocorreram dentro de um intervalo temporal similar.

Um dos exemplos envolve a dupla Cleiton e Camargo. O cachê de R$ 95 mil, pago com emenda do ex-vereador Marcelo da Farmácia, ficou 78% acima da média praticada em outras cidades, que pagaram cerca de R$ 53,3 mil pelo mesmo show. Situações semelhantes foram observadas em apresentações de Alex e Yvan, Althair e Alexandre, Frank Aguiar, Marcos Paulo e Marcelo e Negritude Júnior.

YouTube video

A cidade de Campinas passou a utilizar emendas impositivas em 2023. Cada vereador possui uma cota anual. Metade do montante é obrigatoriamente destinada à saúde, e a outra parte pode ser aplicada em áreas escolhidas pelo parlamentar. Em eventos culturais, a legislação permite contratação direta de artistas sem licitação, com base no argumento da natureza singular do serviço.

Nos autos da investigação, o MPSP destaca que o montante destinado à Cultura cresceu significativamente. Em 2023, os repasses somaram R$ 8,6 milhões. Em 2025, esse valor já alcança R$ 19,4 milhões. Segundo a Secretaria de Cultura, esse aumento permitiu ampliar o número e a diversidade de eventos, especialmente nos bairros da cidade.

Uma denúncia anônima, enviada ao MP, motivou a abertura do inquérito. A mensagem alertava para o aumento expressivo de recursos para shows, muitos deles contratados sem licitação. Segundo a denúncia, as emendas enviadas por vereadores priorizavam artistas com cachês altos, frequentemente acima de R$ 100 mil, e não grupos culturais locais.

A promotora Cristiane Corrêa de Souza Hillal recomendou a suspensão temporária das emendas utilizadas para financiar shows com esse perfil. A medida visava garantir o aprofundamento da apuração. O setor técnico do MP concluiu que alguns contratos firmados pelo município apresentavam valores incompatíveis com os preços pagos por outras cidades.

YouTube videoYouTube video

Na atual fase da investigação, a Promotoria colhe depoimentos de integrantes da Secretaria de Cultura e representantes dos artistas contratados. A oitiva da pasta ocorreu na quarta-feira 9. As empresas envolvidas também começaram a prestar esclarecimentos.

Confira a lista de shows com valores inflacionados e verbas de vereadores, segundo o MPSP

  • Cleiton e Camargo (Conectshows Promoções e Eventos Ltda) – R$ 95 mil – possível sobrepreço de 78% – bancado com emenda de Marcelo da Farmácia (ex-vereador)
  • Alex e Yvan (J.P.R Produçoes e Eventos LTDA)  – R$ 70 mil – possível sobrepreço de 66% – bancado com emenda de Marcelo da Farmácia (ex-vereador)
  • Althair e Alexandre (BR Brasil Eventos Shows) – R$ 95 mil – possível sobrepreço de 43% – bancado com emenda de Edson Ribeiro (União Brasil)
  • Frank Aguiar (Luma P C Aguiar Lacerda Produção) – R$ 80 mil – possível sobrepreço de 60% – bancado com emenda de Arnaldo Salvetti (MDB)
  • Marcos Paulo e Marcelo (Portal do Eventos) – R$ 85 mil – possível sobrepreço de 30% – bancado com emenda de Marcelo da Farmácia (ex-vereador)
  • Negritude Junior (Roneia Forte Correa) – R$ 69 mil – possível sobrepreço de 65% – bancado com emenda de Nelson Hossri (PSD) e Marcelo da Farmácia
YouTube videoYouTube video

Empresas contratadas negam irregularidades

Ao Metrópoles, a Secretaria de Cultura afirmou que apenas formaliza os processos com base na documentação enviada. Segundo a pasta, o valor final dos cachês é definido com base nas comprovações de preços pagos nos 12 meses anteriores. Entre as propostas recebidas, a de menor valor é a selecionada.

Empresas contratadas negam irregularidades. A Conectshows argumenta que o setor artístico não segue uma tabela fixa e que fatores como data, logística e relevância do evento influenciam o valor. A Portal dos Eventos afirma que o preço cobrado em Campinas foi inferior ao usual.

A produtora responsável pelo show de Frank Aguiar declarou que o processo de contratação seguiu todas as etapas estabelecidas pela Secretaria de Cultura. Destacou que o valor do cachê refletiu custos com produção, transporte, hospedagem e equipe técnica.

A J.P.R Produções afirma que possui toda a documentação que comprova a regularidade dos valores cobrados. A BR Brasil Eventos informou que se manifestará nos autos. A empresa Roneia Forte Correa, que representa o Negritude Júnior, não foi localizada.

Clique aqui para acessar a Fonte da Notícia

VEJA MAIS

Casal desaparece e é encontrado morto após cabeça d’água em Minas

Um casal morreu depois de uma cabeça d’água nas proximidades do Cânion do Peixe Tolo…

No “adeus” ao Nabizão, Bragantino vence Cruzeiro com erro de Cássio

O Red Bull Bragantino venceu o Cruzeiro por 1 a 0 na noite deste domingo…

Amoêdo chama governo petista de ‘medíocre’

João Amoêdo, fundador e ex-presidente do Partido Novo, teceu críticas ao governo do presidente Luiz…