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Livres repudia viagem de Lula a Moscou e cobra reação do Senado

A Associação Livres, de orientação liberal, encaminhou à Comissão de Relações Exteriores do Senado uma carta aberta em repúdio à visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Rússia, marcada para o dia 9 de maio.

No documento, intitulado Por um punhado de rublos, a entidade pede que os senadores se manifestem publicamente contra a viagem, sob a alegação de que o gesto prejudica a imagem internacional do Brasil e o alinha a um regime autoritário em meio à guerra de agressão contra a Ucrânia.

O texto é assinado por Magno Karl, diretor-executivo do Livres, que classifica a visita como “amoral e oportunista”. Segundo ele, “a ida de Lula a Moscou compromete a imagem internacional do Brasil como um país confiável e defensor da paz”.

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A carta afirma que a data escolhida para a viagem — 9 de maio — não é fortuita. Trata-se do Dia da Vitória na Rússia, feriado em que “Putin anualmente desfila com suas tropas e mísseis nucleares na Praça Vermelha, lembrando ao mundo de seu potencial destruidor”.

Para o Livres, a presença de Lula nesse evento “sedimentará nossa posição entre os países ‘contra-hegemônicos’”, o que sugere um realinhamento diplomático que contraria a tradição pacifista brasileira.

A crítica mais contundente recai sobre a proximidade simbólica com o presidente Vladimir Putin, que governa a Rússia há 25 anos e é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o Brasil é signatário.

Em setembro de 2023, Lula disse que, se Putin vier ao Brasil para participar da Cúpula do G20, não será preso | Foto: Presidência da República/Ricardo Stuckert
Lula se reúne com Vladimir Putin | Foto: Presidência da República/Ricardo Stuckert

O documento ressalta que “os países signatários do TPI teriam a obrigação de prendê-lo e entregá-lo ao tribunal”. A ida de Lula, portanto, é vista como um rompimento com as obrigações legais internacionais assumidas pelo Brasil.

O Livres também questiona o discurso do presidente brasileiro de que atuaria como mediador no conflito. “Em mais de uma oportunidade, falando à imprensa, Lula tentou apresentar-se como ‘mediador’ entre as partes”, destaca. “No entanto, suas ações revelam alinhamento nada sutil à causa russa.”

A carta afirma ainda que Lula “defende inclusive que ele [Putin] ‘volte a andar normalmente pelo mundo’”, ao passo que critica duramente Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia.

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Além do simbolismo político, o documento destaca os efeitos comerciais da política externa atual. Segundo o Livres, desde o começo das sanções internacionais à Rússia, o Brasil passou a importar mais diesel do país euroasiático, por causa dos preços reduzidos.

“Hoje, 60% do diesel importado pelo Brasil vem da Rússia, 40% em valor, aproximadamente 6 bilhões de dólares por ano”, contabiliza. “A Petrobras, e os consumidores brasileiros, abastecem de rublos os cofres do Kremlin.”

O texto acusa o governo de aplicar uma espécie de “Lei de Gérson” à diplomacia, ao priorizar vantagens econômicas imediatas em detrimento de princípios. “Nesse manual, não há nenhum problema em tirar proveito da guerra dos outros, desde que compremos óleo diesel mais barato”, critica.

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Ainda segundo a carta, a balança comercial entre Brasil e Rússia é extremamente desfavorável: “o Brasil exporta US$ 1,5 bilhão para a Rússia, e importa US$ 11 bilhões, com saldo negativo de US$ 9,5 bilhões”.

A entidade critica ainda o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, a quem acusa de conduzir a política externa brasileira por motivações ideológicas. “Prefere suplantar nossos princípios mais caros, privilegiando a aproximação com líderes autoritários, e endossando suas múltiplas violações de Direitos Humanos.”

O Livres argumenta que a viagem do presidente, neste momento específico do conflito, poderá ter consequências duradouras. “O diesel barato poderá sair caro mais adiante, em sanções e dificuldades de acesso de nossos produtos, notadamente aos mercados europeus, caso o conflito ganhe proporções maiores.”

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Na parte final, a carta apela diretamente aos senadores: “conclamamos que se manifestem publicamente contra o deslocamento do presidente Lula a Moscou, pelos evidentes danos que a viagem trará à imagem internacional do Brasil”.

Apesar de reconhecer que a Comissão de Relações Exteriores não tem poder para barrar a viagem, o Livres entende que um posicionamento institucional do Senado pode sinalizar que “a índole do povo brasileiro é decente, e não pode compactuar com esse tipo de atitude”.

A visita de Lula ocorre num contexto de tensões crescentes entre o Ocidente e a Rússia, e em um momento em que a maioria das democracias mantém sanções contra o regime de Putin. Para o Livres, a presença do presidente brasileiro em Moscou representa “o risco de estar do lado errado da história”.

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