O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF), deputado distrital Hermeto (MDB) (foto em destaque), afirmou, em depoimento, que não indiciou Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do DF, porque não identificou responsabilidade dele nos atos golpistas de 8 de Janeiro.
Hermeto prestou depoimento na manhã desta sexta-feira (30/5) como testemunha do ex-ministro. As audiências são conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).
O distrital explicou que, no curso da CPI, identificou que Torres participou da reunião de elaboração do plano de segurança para o dia 8, mas que outros representantes da Secretaria de Segurança Pública (SSP) ocupavam, de fato, o papel de chefia da pasta durante as férias dele.
“No dia 6, houve uma reunião da SSP com os secretários Fernando [Oliveira, réu no processo] e Cíntia [ex-subsecretária], que disseram que não havia preocupação porque os acampamentos estavam desmobilizados. Eles amenizaram. Os ônibus não tinham chegado. Eles negligenciaram; por isso, eu os indiciei”, explicou Hermeto.
O deputado acrescentou que a viagem de Anderson aos Estados Unidos foi previamente comunicada, inclusive ao general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto, que teria afirmado que o acampamento estava desmobilizado.
“Não indiciei o Anderson porque não vi nele a responsabilidade, já que o secretário-executivo [Fernando Oliveira] estava com as responsabilidades na época”, completou.
“Bolsonaro temia que Brasil desandasse”
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), afirmou, em depoimento ao STF, que o ex-presidente “temia que o Brasil desandasse” com a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O chefe do Palácio dos Bandeirantes relatou que Bolsonaro demonstrava preocupação com os rumos do país sob o governo Lula, que assumiria em janeiro de 2023. Segundo ele, o único comentário do ex-presidente era sobre o risco de que “a coisa desandasse”.
“O governo passou por uma grave crise. Era uma preocupação de que a coisa sempre desandasse, com o futuro do país. A gente conversava basicamente sobre isso”, contou o governador.