O ex-presidente Jair Bolsonaro publicou nas redes sociais, nesta segunda-feira, 17, um vídeo sobre o processo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para desapropriar a fazenda da família Bettim. A partir da situação, ele comparou seu mandato na Presidência da República com o governo Lula.
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“A diferença é gritante”, escreveu Bolsonaro. “Não apenas no caráter, no respeito às leis, à Constituição, nos direitos humanos e na defesa da propriedade privada, mas em absolutamente tudo.”
-A diferença é gritante. Não apenas no caráter, no respeito às leis, à Constituição , nos direitos humanos e na defesa da propriedade privada, mas em absolutamente em tudo.
-Os números e o que seus olhos veem não mentem.
-Então surgem aqueles com papo mole de “nem nem”,… pic.twitter.com/qV6YWPvka5
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 17, 2025
O vídeo, produzido pelo deputado estadual Lucas Polese (PL-ES), mostra a chegada de servidores do Incra — inclusive a superintendente estadual do Espírito Santo, Penha Lopes, que é petista declarada — à Fazenda Floresta e Texas, propriedade dos Bettim desde a década de 60, para executar a liminar de desapropriação, na última quinta-feira, 13.
Na mesma publicação, Bolsonaro fez referência a quem o iguala a Lula, popularmente chamados de “isentões”. O ex-presidente disse que “todos esses, de forma direta ou indireta, sempre estiveram ou estão de mãos dadas com quem destrói nosso país a passos largos”.
Incra tenta desapropriar família Bettim há mais de 15 anos
Por meio de um decreto, de março de 2010, o então presidente Lula autorizou a desapropriação da fazenda dos Bettim. Segundo o petista, a propriedade é “de interesse social”. O processo, movido pela divisão capixaba do Incra, ficou parado nos anos seguintes, mas foi retomado ao final de 2022.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) mantém o assentamento Zumbi dos Palmares a alguns metros da fazenda dos Bettim, que fica na zona rural do município de São Mateus. Além disso, Penha Lopes, ao assumir a superintendência do Incra no Espírito Santo, afirmou o objetivo de “assentar 250 famílias”.
A principal argumentação do Incra é de que a fazenda dos Bettim é improdutiva. No entanto, dois laudos recentes — produzidos pela prefeitura de São Mateus e pelo governo do Estado — atestam que a propriedade tem alta produtividade.

Apesar dos relatórios, que foram incorporados ao processo judicial, o Tribunal Regional da 2ª Região (TRF-2) manteve a desapropriação, aplicável a quase toda a fazenda. O processo ainda não teve sentença em primeiro grau.
No entanto, o desembargador André Fontes, do TRF-2, suspendeu a desapropriação, por 30 dias, na última sexta-feira, 14. O caso foi encaminhado para a Comissão de Soluções Fundiárias, sob cuidados diretos do Conselho Nacional de Justiça.