Em meio ao anúncio de um conjunto de medidas de corte de gastos, feito pela direção dos Correios nessa segunda-feira (12/5), os funcionários afirmam que os planos de saúde têm sido descredenciados de diversas clínicas médicas. Segundo eles, a rede de credenciados tem se mostrado insuficiente.
A comissão de negociação dos empregados iniciou em 2024 discussões para reduzir o custeio e a mensalidade dos planos de saúde. Os empregados sustentam que atualmente o pagamento dos convênios consome grande parte dos salários devido ao alto custo, agravado pela coparticipação, que é descontada do contracheque.
Dizem ainda que a realidade atual é buscar atendimento em médicos, clínicas e hospitais fora da rede, algo que não ocorria quando eram atendidos pelo Correios Saúde.
Postal Saúde
Desde 2013, a Postal Saúde é a operadora de autogestão de planos para funcionários da estatal. A empresa diz ter mais de 200 mil beneficiários, entre funcionários dos Correios e dependentes, e mais de 13 mil prestadores de serviço. A operadora depende dos repasses da estatal para pagar os contratos. São oferecidos três planos de saúde: Correios Saúde I, Correios Saúde II e Viver Saúde.
A Postal Saúde está inadimplente com alguns prestadores, o que levou a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios (Findect) a notificar extrajudicialmente a empresa, exigindo que providências urgentes sejam tomadas.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) já classificou a Postal Saúde no nível mais crítico de alerta, confirmando o colapso financeiro.
“É inadmissível que os trabalhadores e seus dependentes estejam pagando mensalmente suas contribuições ao plano, e, mesmo assim, fiquem sem atendimento. A responsabilidade por garantir o funcionamento do plano é da ECT, que é a mantenedora da Postal Saúde”, disse a federação dos empregados, em nota na semana passada.
A Findect afirma ainda que é dever dos Correios arcar com os compromissos financeiros com os credenciados e a omissão da empresa pode acarretar em responsabilizações judiciais.
Entre as medidas de redução de despesas anunciadas pela direção da estatal nesta semana, está o lançamento de novos formatos de planos de saúde. Segundo a empresa estatal, a escolha da rede credenciada será dialogada com as representações sindicais, mas ainda não foram fornecidos maiores detalhes.
Medidas de corte de despesas nos Correios
- Prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV): até 18 de maio de 2025, mantendo os atuais requisitos de elegibilidade;
- Incentivo à redução da jornada de trabalho: alteração da carga horária para 6 horas diárias e 34 horas semanais, com ajuste proporcional de remuneração para empregados lotados em unidades administrativas;
- Incentivo à transferência, voluntária e temporária, de agente de correios – atividade carteiro e atendente comercial para atuar em centros de tratamento: o pagamento do adicional de atividade será o mais vantajoso para empregados;
- Suspensão temporária de fruição de férias: a partir de 1º de junho de 2025, referente ao período aquisitivo deste ano. As férias voltarão a ser usufruídas a partir de janeiro de 2026;
- Revisão da estrutura do Correios Sede: redução de pelo menos 20% do orçamento de funções;
- Convocação para o retorno ao regime de trabalho presencial: todos os empregados devem retornar a partir de 23 de junho de 2025, com exceção daqueles protegidos por decisão judicial;
- Lançamento de novos formatos de planos de saúde: a escolha da rede credenciada será dialogada com as representações sindicais. A economia estimada será de 30%.
A empresa estima que o plano de redução de despesas gere economia de até R$ 1,5 bilhão em 2025. Além disso, os Correios firmaram parceria com o New Development Bank (NDB) para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos. O processo está em andamento.