O presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP), decidiu dar fim à Comissão Parlamentar de Inquérito dedicada a investigar a atuação de empresas de apostas on-line no país, a CPI das Bets. Aliados confirmaram à Revista Oeste a atuação do parlamentar nesse sentido.
Senadores próximos a Alcolumbre indicam a pressão para o encerramento da CPI das Bets. De acordo com esses políticos, ele teria se irritado com a condução das investigações.
Alcolumbre considerou as audiências com influenciadores digitais como um “circo”. Além disso, condenou a troca de acusações entre parlamentares sobre suposto envolvimento com o lobby de casas de apostas.
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No entanto, a oposição no Congresso acredita que Alcolumbre quer diminuir a repercussão negativa sobre o nome de poderosos citados nas audiências da CPI.
“Estava começando a chegar em gente poderosa”, disse um senador, que pediu para não ter o nome divulgado, com medo de sofrer retaliações do presidente do Senado. “Ele quer acabar com esse assunto para, lá na frente, tocar uma regulamentação que inclua bingos e cassinos.”
Desfecho da CPI das Bets
Os integrantes da CPI das Bets irão votar nesta quinta-feira,12, o relatório que propõe o indiciamento das influenciadoras digitais Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, além de outras 14 pessoas. A relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), apresentou o texto final na terça-feira 10. Agora, o material precisa ser aprovado.
Antes de apresentar o relatório, Soraya conversou com o Alcolumbre e pediu o adiamento das sessões do colegiado. Um requerimento do presidente da CPI, senador Hiran Gonçalves (PP-RR), também foi enviado a Alcolumbre, mas não foi aceito pelo presidente do Senado. O documento pedia a prorrogação da comissão por 130 dias.
A relatora da CPI deixou de fora do grupo de indiciados o lobista Silvio de Assis, acusado de ligação direta com parlamentares. Ele manifestou interesse em depor. O senador Eduardo Girão (Novo-CE) apresentou requerimento para convocá-lo. O pedido, porém, nunca entrou na pauta.

Fator Rocco Netto
A CPI das Bets também não ouviu Giovanni Rocco Neto, atual secretário nacional de Apostas Esportivas, no Ministério do Esporte. Nomeado em setembro do ano passado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele presidia anteriormente a Associação em Defesa dos Jogos e Apostas — uma entidade ligada ao lobby de pequenas casas de apostas on-line.


Com forte articulação política e vínculos diretos com empresários do setor, Rocco Neto ocupa um cargo estratégico. Ele, no entanto, permanece à margem das discussões públicas sobre o tema. Sua nomeação gerou críticas entre parlamentares que questionam a influência do lobby nas decisões do governo.


A secretaria comandada por Rocco Neto exerce um papel estratégico na regulação das apostas esportivas, setor que movimenta bilhões de reais por ano.
Nos bastidores da CPI, senadores dizem que Rocco Neto é o elo entre o governo Lula e o lobby das apostas esportivas. Segundo fontes próximas ao colegiado, sua nomeação como secretário nacional não só favoreceu interesses privados, como dificultou investigações sobre o setor.