O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno afirmou, em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10/6), que sempre foi adepto do voto impresso. O general disse acreditar “que, no mundo inteiro, há uma desconfiança em relação ao voto em urnas eletrônicas”.
Réu na ação penal que apura uma suposta trama golpista, Heleno foi interrogado na manhã desta terça. O general reforçou que defende o voto impresso há anos, mas que nunca teve força para transformar essa tese em realidade. Ele optou por não responder às perguntas do ministro Alexandre de Moraes e apenas respondeu aos questionamentos feitos pela própria defesa.
“Eu acho que isso é um processo contínuo de aperfeiçoamento [das urnas] e acredito que nós tenhamos que estar sempre com a cabeça de que a urna eletrônica pode ser sempre melhorada. Eu enfrentei esse problema no Haiti”, disse Heleno, sendo interrompido pelo próprio advogado.
Matheus Milanez, defensor de Heleno — que ficou conhecido por ter feito um pedido inusitado ao ministro Alexandre de Moraes para adiar o horário da oitiva e permitir tempo de deslocamento e jantar — perguntou ao general se ele aceitou o resultado das eleições que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Tinha que aceitar. Não havia outra solução”, respondeu Heleno, orientado publicamente pelo advogado a ser breve na resposta.
Em outro momento do interrogatório, o advogado questionou se Heleno teria contribuído, de forma escrita ou verbal, para tentar manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
O general foi enfático: “Eu não tinha nem tempo para fazer isso”.
Interrogatório
Às 11h30, logo no início do interrogatório, o general Augusto Heleno pediu para exercer o direito de ficar calado diante das perguntas do ministro Alexandre de Moraes. Heleno só começa a falar para responder as perguntas de seu advogado.
“É importante dizer que o presidente Bolsonaro colocou que ia jogar dentro das quatro linhas (da Constituição) e eu segui isso aí rigorosamente durante todo o tempo em que estive na Presidência”, afirmou. “Nunca levei assuntos políticos. Tinha de 800 a mil funcionários no GSI. Nunca conversei com eles assuntos políticos.”


Interrogatórios dos réus da Ação Penal (AP) 2668
Hugo Barreto/Metrópoles

Paulo Gonet Branco, PGR
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Alexandre de Moraes ministro do STF
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Heleno também afirmou que “era preocupação muito grande que o GSI fosse encarado e fosse sentido como organização apolítica e apartidária”. Sobre as urnas, o general disse que sempre foi favorável “ao voto impresso” e afirmou que essa questão de desconfiança das urnas é “problema mundial”.
O general também negou ter conhecimento do plano “Punhal Verde e Amarelo”. Às 12h30, o julgamento foi suspenso por Alexandre de Moraes. A sessão será retomada às 14h30.