O futebol francês pode passar por uma revolução em sua estrutura organizacional. Em coletiva realizada nesta segunda-feira (12), o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Philippe Diallo, anunciou um plano para substituir a atual Ligue de Football Professionnel (LFP) por uma nova entidade controlada pelos clubes — nos moldes do modelo adotado pela Premier League, na Inglaterra.
De acordo com a proposta, os clubes franceses, em parceria com o fundo de investimentos CVC Capital Partners, se tornariam acionistas de uma nova empresa, responsável pela gestão e comercialização das competições profissionais.
A FFF também teria participação acionária, mantendo um papel de supervisão, inclusive com poder de veto sobre mudanças no formato das competições.
“Seria uma versão francesa da Premier League — uma liga gerida por uma empresa pertencente aos clubes, com executivos remunerados à frente da administração”, afirmou Diallo.
A iniciativa é resultado do trabalho de três grupos de estudo formados em março, em meio aos crescentes desafios enfrentados pelo futebol profissional no país. Diallo classificou o projeto como “inovador e disruptivo”, e destacou que o objetivo é criar uma estrutura mais eficiente e transparente, abrindo caminho para a recuperação financeira e esportiva dos clubes.
Na prática, a proposta prevê o fim da LFP, cujas atribuições passariam a ser absorvidas pela nova companhia. “Com a criação da LFP Media, a LFP tornou-se quase uma estrutura vazia”, disse o dirigente.
A nova entidade ficaria encarregada de organizar e promover as ligas nacionais, enquanto a FFF manteria o controle regulatório. A implementação do modelo, no entanto, depende de mudanças na legislação. Um projeto de lei sobre a governança do esporte profissional na França deve ser analisado pelo Senado em 10 de junho.
A CVC já havia investido 1,5 bilhão de euros na LFP Media em 2022, em troca de uma fatia nas receitas de direitos de transmissão. A expectativa é que o fundo tenha papel central na nova configuração.
Caso aprovado, o projeto representará uma transformação significativa na maneira como o futebol francês é administrado, sendo interpretado como uma resposta à instabilidade financeira e ao desequilíbrio competitivo que afetam o sistema atual.
(Reportagem de Julien Pretot; Edição de Christian Radnedge)
