‘Governo Lula se beneficia da censura’

Atual presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (Creden) na Câmara, o deputado Filipe Barros (PL-PR) é um dos nomes mais atuantes da oposição ao governo Lula. O parlamentar é um crítico aberto do alinhamento da gestão petista com ditaduras e da postura diplomática do Brasil diante dos Estados Unidos.

Em entrevista exclusiva a Oeste, Filipe Barros denuncia o governo Lula por atuar como um “complexo industrial da censura” — conjunto de ações que, segundo ele, ameaçam a liberdade de expressão no país. O deputado também analisa a suposta interferência da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) nas eleições presidenciais de 2022.

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Pré-candidato ao Senado com apoio declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Filipe Barros afirma que tem trabalhado para articular uma bancada combativa, especialmente no enfrentamento das pautas da esquerda que “ignoram as liberdades e a soberania nacional”. 

Leia abaixo os principais trechos da entrevista com Filipe Barros

Filipe Barros e Bolsonaro
Jair Bolsonaro lançou Filipe Barros como pré-candidato ao Senado em 2027 pelo Paraná | Foto: Alan Santos/Comunicação Filipe Barros

Recentemente, tivemos o escândalo da possível interferência da Usaid nas eleições presidenciais de 2022. Como o senhor vai atuar, no âmbito da Creden, para investigar esse caso?

Uma das principais vozes sobre a interferência da Usaid no Brasil é Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA. Na minha primeira sessão como presidente da Creden, aprovamos o convite para que ele compareça à comissão — presencial ou virtualmente — e apresente os documentos e fatos que possui sobre o tema. A definição da data está em fase final e deve ser anunciada ainda nesta semana. Sobre a criação de uma CPI específica, embora eu tenha assinado a proposta, sou cauteloso. Participei de todas as CPIs recentes, como a do 8 de janeiro, e vi como o governo, mesmo resistindo à instalação, depois ocupou a maioria das cadeiras e esvaziou a investigação. Neste caso, com o governo Lula tendo se beneficiado politicamente do chamado “complexo industrial da censura”, não tenho dúvidas de que atuariam para barrar as apurações. O depoimento de Mike Benz à Creden, por si só, já deve trazer revelações importantes.

Como analisa a postura diplomática do Brasil, considerando os recorrentes ataques de Lula a Trump?

No passado vocês vão se lembrar que o Brasil foi chamado de anão diplomático. Hoje eu ouso dizer que o Brasil é um “nada diplomático” por conta das alianças ideológicas que o governo Lula tem feito com as ditaduras do mundo. Veja, o Lula mandou uma embaixadora para a posse do ditador Nicolás Maduro na Venezuela, assim como para a posse do Trump. Então veja a falta de senso de proporção de Lula. Ele deveria pessoalmente ter ido à posse do Trump, mas não o fez. Existe um alinhamento ideológico do Brasil com a Venezuela, a Nicarágua e com outros países que podem ser qualquer coisa, menos democracias. Ao passo que no Brasil, o PT se intitula de “defensor da democracia”, no aspecto internacional, ele se alinha às piores ditaduras do mundo. Então isso faz com que o mundo inteiro veja o Brasil como um “nada diplomático”. São só discursos — discursos e nada de prática.

Filipe BarrosFilipe Barros
Filipe Barros também preside a Comissão Mista de Inteligência (CCAI) | Foto: Alan Santos/Comunicação Filipe Barros

Como o senhor analisa a postura do governo Lula diante do “tarifaço” de Trump, e da culpabilização dos EUA pelo atual cenário econômico do Brasil?

O Lula está querendo arranjar um culpado para o seu próprio desastre econômico. Ele fica vociferando contra uma decisão soberana do governo norte-americano. E veja o contrassenso: a esquerda sempre acusou os Estados Unidos de imperialista, de tentar interferir nos outros países. Quando o Partido Democrata resolve interferir no Brasil, favoravelmente ao Lula, eles ficam quietos e apoiam, como no caso da Usaid. Agora que os Estados Unidos se recolhem e dizem “vou cuidar do meu próprio país”, a esquerda mais uma vez reclama. Então o Lula vai vociferando, tentando arranjar um culpado para o desastre econômico que o próprio governo dele tem causado. Ele falou em acionar a OMC. Primeiro, que uma decisão da OMC demoraria anos. Segundo, que isso só agrava o problema. Quando o Bolsonaro estava na presidência e o Trump no seu primeiro mandato, ele também falou que ia taxar o aço brasileiro. O presidente Bolsonaro pegou o avião, foi até lá, conversou e resolveu. Trump é um negociador. Era para o Lula estar fazendo exatamente isso: buscar diálogo, entender o que podemos oferecer aos Estados Unidos e o que eles podem oferecer ao Brasil. O Lula, ao não fazer isso, não está pensando no povo brasileiro — está pensando exclusivamente na sua própria política e numa possível reeleição.

Há espaço para o Brasil reagir estrategicamente à política de tarifas do governo Trump?

Existe uma oportunidade no Brasil. O Brasil pode ser um parque industrial para algumas indústrias que queiram atender o mercado consumidor do Brasil, da América Latina e dos próprios Estados Unidos. Acontece que certamente não tem absolutamente ninguém do governo Lula pensando nas possibilidades que surgirão ao Brasil em decorrência da política tarifária norte-americana. Eles não pensam no país — querem só arranjar um culpado para o seu próprio desastre econômico.

Filipe barrosFilipe barros
Filipe Barros deve ouvir Mike Benz na Creden em junho, sobre a atuação da Usaid nas eleições presidenciais de 2022 | Foto: Alan Santos/Comunicação Filipe Barros

Além da Creden, o senhor também assumiu a presidência da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI). Qual a importância da oposição assumir esse colegiado?

A Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência que eu presido também tem uma importância enorme porque, pela lei, quem faz o controle externo de toda atividade de inteligência produzida no Brasil é essa comissão, chamada de CCAI. Então não é só a ABIN, mas a Polícia Federal e todos os órgãos que produzem inteligência de Estado estão submetidos ao controle da CCAI. Nós temos por ora uma confusão diplomática causada por uma possível espionagem — o episódio envolvendo Brasil e Paraguai. Dedicamos a primeira sessão deliberativa da comissão na semana passada sobre esse assunto. Aprovamos uma série de requerimentos solicitando maiores informações por parte da ABIN e da Polícia Federal. Todas as reuniões da CCAI são secretas, justamente por se tratar de informações de extrema sensibilidade, classificadas como sigilosas. O que eu tenho dito é que a atividade de inteligência é fundamental para um Estado que quer ser soberano. Os governos passam, o Estado fica. E é fundamental para um Estado soberano ter uma atividade de inteligência que possa ajudar na defesa da soberania nacional. Eu dou um exemplo: bati muito na questão da compra, por parte de uma mineradora chinesa, de uma mineradora peruana que estava explorando urânio em território brasileiro. Fiz uma série de requerimentos de informação. E nenhuma das autoridades brasileiras tinha ciência da venda dessa mineradora peruana que explorava urânio brasileiro. Veja, o urânio é um minério completamente estratégico, e as autoridades brasileiras não tinham nenhum informe de inteligência sobre esse fato gravíssimo. Falta potencializarmos as atividades de inteligência no nosso país.

Bolsonaro e Filipe BarrosBolsonaro e Filipe Barros
Filipe Barros é um dos principais aliados da família Bolsonaro | Foto: Alan Santos/Comunicação Filipe Barros

Bolsonaro lançou seu nome ao Senado. Como você recebeu essa indicação?

O presidente Bolsonaro veio a Londrina na semana passada, na abertura da nossa exposição rural, e anunciou o meu nome como pré-candidato ao Senado. Isso é fruto, em primeiro lugar, do trabalho que eu tenho feito desde o início do meu mandato como deputado — e até antes disso, como vereador em Londrina — mas especialmente como deputado federal. Estive à frente das principais batalhas ao longo desses últimos anos. Fui líder do partido em 2019, coordenando a reforma da Previdência. Fiz parte da CPMI das Fake News, lutando pela liberdade de expressão. Fui relator do voto impresso, uma pauta tão necessária para a democracia brasileira e acompanhada de perto pelo povo. Fiz parte da CPMI do 8 de janeiro e venho batalhando pela soltura dos presos políticos, dos reféns do dia 8 de janeiro, que não merecem estar presos porque não cometeram crime. Bolsonaro viu isso aqui em Londrina: por onde eu passo, as pessoas pedem para que eu seja candidato ao Senado, para intensificar ainda mais essas nossas lutas — que são as lutas do povo brasileiro no Senado Federal. O segundo motivo é pela relação de amizade que construí com o próprio presidente Bolsonaro e com sua família desde que fui eleito vereador. Então, com muita responsabilidade, sabendo do momento delicado que o Brasil vive e do papel que o Senado deve exercer a partir de 2027, o presidente Bolsonaro escolheu o meu nome como seu pré-candidato pelo Paraná.

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