A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o novo depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, nesta segunda-feira, 9, ao Supremo Tribunal Federal (STF), contém mentiras. O advogado Celso Vilardi afirmou que Cid apresenta “memória absolutamente seletiva” e que ele esquece parte dos eventos e lembra apenas de outros.
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A defesa contestou relatos feitos por Mauro Cid à Polícia Federal (PF) sobre uma reunião entre Bolsonaro e empresários. Vilardi afirmou que esse encontro jamais ocorreu e alegou não haver registro de entrada no Palácio do Planalto, nem menção na agenda oficial.
Celso Vilardi conversou com jornalistas após os depoimentos no STF nesta segunda-feira (9) e disse que Mauro Cid tem “memória seletiva”. O advogado de Bolsonaro também disse que o depoimento foi ótimo para a defesa e será usado amanhã. pic.twitter.com/T9Mfkz7fai
— PortaldoDantas (@PortaldoDantas) June 9, 2025
“A reunião com os empresários nunca aconteceu, eles não entraram no Planalto, ele está fazendo uma narrativa de uma reunião que não existiu”, afirmou a defesa de Bolsonaro. “Então assim, é dessa pessoa que estamos na mão. Não [consta] entrada no Palácio, não está na agenda, não tem como ter tido. E aí ele narra para um general do Exército que teve reunião. É mentira, não teve reunião.”
Depoimentos de Cid e defesa de Bolsonaro

Na audiência, o advogado reproduziu um áudio encontrado pela Polícia Federal, no qual Mauro Cid relata que empresários pressionaram Bolsonaro para reverter o resultado das eleições de 2022. Indagado sobre o destinatário da mensagem, Cid afirmou “não se lembrar”, de modo a sugerir que poderia ser o general Freire Gomes.
Conforme essa gravação, o suposto encontro teria ocorrido em 7 de novembro de 2022. Entre os presentes, estariam o fundador da Tecnisa, Meyer Nigri, e o proprietário da Havan, Luciano Hang.
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Vilardi sustentou que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro apresenta contradições em todos os depoimentos e evita responder a perguntas mais incisivas. Ainda assim, avaliou que o depoimento recente foi “extremamente positivo” para a defesa.
“É essa pessoa que é o delator dessa ação penal”, afirmou. “Uma pessoa que mente num diálogo com um general. Então assim, é fácil depor quando você tem uma memória seletiva, você fala, eu lembro disso e disso. Aí quando você entra para perguntar para ele contradições, ele fala ‘esqueci’. Está lotado de contradições, desde o primeiro depoimento, esse é o sétimo depoimento, de novo diferente, não tem um depoimento idêntico.”