Depois de ter seu relatório rejeitado por 4 votos a 3 na manhã de quinta-feira, 12, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) afirmou não considerar que a CPI das Bets tenha chegado ao fim sem consequências. Em coletiva no Senado, ela disse que cumpriu sua missão à frente da comissão.
A senadora também declarou que o resultado da votação é transparente para todos.
“Eu saio feliz, com a missão cumprida”, disse. “E todos os brasileiros saberão que não terminou, e não terminará em pizza. Eu não sou a pizzaiola. O Brasil sabe o voto de cada um. (…). E eu me sinto orgulhosa do trabalho que foi desenvolvido, porque o relatório está muito bom (…). Ninguém vai escapar do que está lá.”
O relatório final da CPI das Bets recomendava o indiciamento das influenciadoras Virginia Fonseca e Deolane Bezerra, mas não obteve aprovação durante votação realizada na quinta-feira 12.
Entre os que se opuseram ao relatório estavam Efraim Filho (União-PB), Eduardo Gomes (PL-TO), Angelo Coronel (PSD-BA) e Professora Dorinha Seabra (União-TO), suplente. O apoio ao relatório veio de Eduardo Girão (Novo-CE), Alessandro Vieira (MDB-SE) e da própria Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Soraya Thronicke e as “dificuldades” na CPI das Bets

Soraya também destacou as “dificuldades” enfrentadas durante a CPI, como a falta de quórum, e disse ter sido alvo de calúnias. “O Brasil está vendo o que aconteceu”, declarou. “Todo mundo sabe quanto eu sofri, fui caluniada, mas não recuei em nenhum momento”.
Ela também disse que a prorrogação da comissão por 45 dias atrapalhou ainda mais os trabalhos. “Hoje, preferia que não tivesse sido prorrogada. Estava muito difícil trabalhar daquele jeito. Era desgaste, perda de tempo e conflito entre colegas, com um resultado cada vez menor”, avaliou.
Soraya reforçou que encontrou indícios de irregularidades que envolvem 16 pessoas citadas no relatório — entre elas, as influenciadoras Virginia Fonseca e Deolane Bezerra — e defendeu a ideia de que os nomes sejam enviados ao Ministério Público.
Propostas futuras e foco em regulamentação
Mesmo com a rejeição do parecer que propunha regras para o setor de apostas, a senadora Soraya Thronicke disse que vai apresentar projetos de lei com base no relatório por conta própria. “Não será de autoria do Senado, será minha e de quem quiser contribuir, até para aumentar a arrecadação”, afirmou.
Ela também propôs ampliar os poderes da Anatel e criar um cadastro nacional de apostadores, para facilitar o controle e a criação de políticas públicas. “A Anatel sugeriu um projeto, e vou levar ao Executivo a ideia de um cadastro com informações como idade, frequência e valor médio das apostas”, explicou. “Esse cadastro seria renovado a cada seis meses, como uma habilitação.”
Soraya concluiu ao dizer que respeita a decisão, mas seguirá trabalhando no tema: “Para mim, não acaba aqui. É uma democracia, eu aceito o resultado — mas o Brasil está acompanhando”.
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