Alvo da Justiça há cinco anos, o padre Robson de Oliveira se pronunciou sobre o “maior sino do mundo”, que saiu da Polônia rumo a Trindade (GO). O objeto de 55 toneladas foi adquirido pela associação que o religioso presidia na Região Metropolitana de Goiânia, antes do escândalo envolvendo a suspeita de desvios de doações de fiéis.
“Infelizmente, gente, como tudo na vida, a inveja toma conta dos corações, e eu fui alvo dela. Tudo inveja”, disse o padre durante a realização de uma missa em São Paulo. “Por isso mesmo, deixei isso para os que me sucederam, desejando que eles façam um bom trabalho”.
Robson se disse triste com a forma como estão lidando com o “maior sino do mundo”, e mostrou descontentamento com a falta de reconhecimento ao trabalho dele por parte da Igreja Católica de Trindade.
“Fico muito triste de ver a maneira como estão lidando com esse sino, como se ele tivesse sido feito agora, um ano atrás. Não falam de nada da história verdadeira dele. Nem querem saber de falar, também. Eu vejo o padre de lá [Trindade] agora, entrando de baixo do sino e falando “ó, isso aqui é uma vitória, é uma conquista”, e ainda chora ainda. Chorando pelo o quê? Nem sabia que esse sino existia 10 anos atrás”, declarou o padre durante homilia.
Veja:
Em seguida, padre Robson continuou a fala, mencionando, até mesmo, o prefeito da cidade, Marden Júnior (União), que integrou a comitiva de representantes da igreja que foram até a Polônia em março para buscar o sino.
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“Vejo o prefeito lá também chorando, com toda a comitiva lá na Polônia. Isso se chama ingratidão, e é uma pena que dentro do nosso próprio mundo exista isso. Mas eu olho, reflito e peço sempre a luz de Deus para que guie os meus caminhos, para que eu possa viver muito bem e com fecundidade o meu sacerdócio. Servi, fui uma pessoa dedicada e desejo muito que eles que estão ali façam, pelo menos, um pouco daquilo que eu realizei ou continuem fazendo”, disse padre Robson.





Maior sino do mundo está pronto para ser instalado no novo santuário, cuja obra se arrasta há anos
Reprodução/Afipe
Maquete eletrônica do projeto do novo Santuário do Divino Pai Eterno, cuja obra se arrasta há 12 anos
Reprodução
Foto divulgada pela Afipe, anos atrás, mostra o maior sino suspenso do mundo, produzido na Polônia e que será instalado na nova igreja em Trindade
Reprodução/Afipe
Projeto está orçado, atualmente, em torno de R$ 1,4 bilhão. Valor divulgado no início da obra foi de R$ 100 milhões
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Obra do novo santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), foi iniciada em abril de 2012
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Padre Robson de Oliveira, então reitor da Basílica de Trindade (GO), lançou a pedra fundamental da obra em 2011, durante a romaria daquele ano
Reprodução
Visita em 2012 ao canteiro de obras do novo santuário, em Trindade (GO), junto do então governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) e do prefeito da cidade Jânio Darrot (PSDB)
Lailson Damásio
Previsão era de que obra fosse concluída até 2022. Hoje, a Afipe já não trabalha com prazo específico de conclusão
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Obra do novo Santuário do Divino Pai Eterno começou em 2012, mas até 2021 havia avançado apenas 17%
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Maior sino do mundo
Com 55 toneladas, 4 metros de altura e 4,5 metros de diâmetro, o “maior sino do mundo” – batizado de Vox Patris (A Voz do Pai) – foi alvo de suspeita de superfaturamento por parte de uma associação antes presidida pelo padre Robson, a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe).
A Afipe é a mesma que, em 2020, virou alvo de investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) sobre supostos desvios de doações de fiéis para a organização. Criada e presidida, até então, por padre Robson, a Associação não só adquiriu o tal sino, como deu início, também, à construção do novo Santuário do Divino Pai Eterno, cuja obra segue inconclusa há mais de 12 anos.
Apesar de 17 pessoas, incluindo o padre Robson, terem sido denunciadas à época por suspeita de desvio de R$ 120 milhões, o processo foi arquivado pela Justiça. Após o escândalo, o padre Robson deixou Trindade e se transferiu para a Arquidiocese de Mogi das Cruzes (SP), onde atua desde 2023.