O Psol enfrenta um ambiente desfavorável na Câmara dos Deputados e já admite a dificuldade de reverter o processo que pode levar à cassação do mandato do deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ).
A legenda prepara uma ofensiva política e jurídica para tentar barrar a decisão no plenário. No entanto, a sigla reconhece que a correlação de forças atual não favorece o congressista.
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Nesse sentido, a deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), esposa de Glauber, afirma que o cenário é negativo. Ela ressalta que o resultado no plenário deve repetir o desfecho no Conselho de Ética, que recomendou a perda do mandato.
De acordo com a deputada, o partido já mantém contato com interlocutores do Planalto, como Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais do governo.

Ao mesmo tempo, busca diálogo com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e prepara reuniões com integrantes da Corte.
“Vamos buscar os líderes e os presidentes de partidos”, disse Sâmia à CNN Brasil. “Importante também o presidente Lula nesse processo. Já estamos falando com interlocutores dele, como a ministra Gleisi Hoffmann.”
Psol vê influência de Lira na cassação de Glauber
O deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) destaca que uma reunião com a ministra Cármen Lúcia, da Suprema Corte, está marcada para a próxima semana. A sigla quer ampliar o diálogo com o STF para denunciar o que considera uma manobra política dentro da Câmara.
Ivan e Sâmia atribuem a condução do processo ao ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Embora fora do cargo, ele ainda teria forte influência sobre o atual presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB), segundo os parlamentares.
“Há uma questão do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, com Glauber que vem desde a legislatura passada” argumenta Ivan. “Glauber é o parlamentar mais crítico ao Orçamento Secreto e ele e Lira já discutiram no plenário. E Lira manteve seu poder mesmo deixando a presidência.”
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Hugo Motta, por meio de sua assessoria, negou qualquer interferência no caso. Já Arthur Lira divulgou nota pública rebatendo as acusações.
Segundo ele, o processo foi motivado por uma denúncia do partido Novo, depois de Glauber agredir fisicamente um militante dentro do Congresso. Lira afirma que qualquer acusação sem prova será contestada judicialmente.
Veja a íntegra da nota divulgada por Arthur Lira:
“O processo de cassação de mandato a que responde o deputado Glauber Braga perante o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados envolve episódio em que o parlamentar, dentro das dependências da Casa, agrediu fisicamente e expulsou, aos chutes, um militante político que legitimamente visitava o Parlamento.
É dessa gravíssima acusação que deve se defender o parlamentar, que foi representado não por mim ou pelo meu partido, mas, sim, pelo Partido Novo.
O Deputado Paulo Magalhães é um Parlamentar respeitado, experiente, que está no exercício de seu 7º mandato e que tem ampla liberdade para analisar a temática, que ainda será submetida ao colegiado do Conselho de Ética e, posteriormente, ao Plenário da Casa.
De minha parte, refuto veementemente mais essa acusação ilegítima por parte do Deputado Glauber Braga e ressalto que qualquer insinuação da prática de irregularidades, descasada de elemento concreto de prova que a sustente, dará ensejo à adoção das medidas judiciais cabíveis.”

