O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) se apega em dois pontos para reafirmar a capacidade brasileira de controle sobre o foco de gripe aviária identificado no Rio Grande do Sul. O caso foi confirmado em uma granja comercial do município de Montenegro (RS) e as aves do local foram eliminadas.
O primeiro ponto destacado pela pasta é a adoção do princípio de regionalização, instrumento preconizado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que restringe os embargos às exportações aos 10 quilômetros de raio do foco. Foi nesse espaço que o governo federal decretou emergência sanitária.
O segundo aspecto foi a rapidez na identificação do foco. Após a confirmação, o Mapa realizou no município de Montenegro ações de isolamento, controle e erradicação. As aves que estavam na granja foram eliminadas para início dos protocolos de saneamento.
Primeiro caso desde 2006
O foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) foi o primeiro identificado no Brasil desde 2006. Ao longo dos últimos 20 anos, o Mapa afirma que o país reforçou o monitoramento de aves silvestres, a vigilância epidemiológica na avicultura comercial e de subsistência, bem como o treinamento constante de técnicos dos serviços veterinários.
A confiança de que o Brasil pode fazer o controle do foco da gripe aviária faz com que alguns países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas tenham aprovado o princípio de regionalização. Com isto, fica impedida a exportação de aves apenas no raio de 10 quilômetros do foco identificado.
O governo brasileiro atua para demonstrar a segurança dos protocolos estabelecidos e fazer com que mais países ajustem os contratos para admitir o princípio de regionalização. Como isso ainda não foi ajustado para muitos deles, União Europeia, China e Argentina já suspenderam a importação da carne de frango do Brasil.
Como o governo sabe o que fazer?
As ações das autoridades brasileiras se guiam pelo Plano de Contingência Nacional do Setor Saúde para Influenza Aviária, com data de 2025. O documento orienta ações de monitoramento, gestão de risco e estratégias de comunicação de acordo com estágio da situação.
No momento, conforme o plano de contingência, o Brasil está no terceiro estágio mais grave em uma escala que vai de um a cinco. O que levou o país ao tal estágio no plano de contingência foi justamente a identificação do foco de gripe aviária.
Os próximos níveis do plano de contingência são de emergência e crise. As situações são agravadas caso haja avanço nos cenários de transmissão do vírus para humanos.
Vírus circula desde 2006
O IAAP circula ao menos desde 2006, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa. O governo federal, no comunicado sobre o foco de IAA, deixou claro que o risco de transmissão da gripe aviária para humanos é baixo. Isto, no momento, poderia ocorrer com tratadores dos animais ou profissionais que tenham contato frequente com os bichos infectados vivos ou mortos.
“É importante esclarecer que a doença não é transmitida pela ingestão de carne ou ovos inspecionados. Para se proteger, evite tocar em aves doentes ou mortas, pois o contato direto com esses animais pode ser contagioso. Ao encontrá-los, é necessário comunicar as autoridades competentes“, afirmou o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).
