A investigação da morte do turista adolescente Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, assassinado em Jericoacoara, no Ceará, em dezembro do ano passado, concluiu que o caso teve como motivação a rivalidade entre facções criminosas. Ele foi morto por traficantes que atuavam na vila turística e que integram a facção Comando Vermelho (CV).
O caso foi encerrado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) nesta quarta-feira (2/4). Seis suspeitos de envolvimento no assassinato do jovem foram detidos, sendo dois adultos e quatro adolescentes. Um sétimo envolvido encontra-se foragido, com mandado de prisão em aberto, e um outro morreu durante confronto com a polícia.
Ao serem interrogados, os suspeitos relataram ao delegado responsável pelo caso, Júlio Morais, que Henrique teria ido sozinho ao local onde eles estavam com a intenção de comprar drogas e que, assim que chegou ao ponto de venda, ele chamou a atenção por causa de uma blusa que estava vestindo. A tal roupa teria um desenho relacionado, no mundo do crime, à facçao rival Primeiro Comando da Capital (PCC).
A blusa, no entanto, não foi encontrada pela polícia, no decorrer das diligências. O desenho, conforme o declarado pelos envolvidos, seria o de uma meia lua. Segundo o delegado, Henrique foi agredido, torturado e teve uma orelha decepada pelos criminosos por ser confundido como integrante do grupo rival. O momento em que ele foi capturado pelos traficantes foi registrado por câmeras de segurança.
Veja:
Relembre o caso
A morte de Henrique teve grande repercussão à época. Ele estava em viagem de férias com o pai, o empreiteiro de obras Danilo Martins de Jesus, de 33 anos, quando foi morto pelos faccionados. O jovem desapareceu em Jericoacoara na noite de 16 de dezembro, após deixar o pai no Centro da vila e retornar sozinho para a pousada onde estava hospedado.
A princípio, acreditou-se que o motivo da morte teriam sido gestos com a mão feitos por ele em fotos publicadas na internet, durante a viagem a Jericoacoara, e que seriam associados ao PCC. O tal gesto (sinal de “três dedos”) é visto no mundo do crime como uma referência à facção paulista. Após diligências, no entanto, a polícia descartou essa motivação e apontou a questão relacionada à blusa.
Leia também
-
Brasil
Polícia prende 6 suspeitos e elucida morte de jovem em Jericoacoara
-
Brasil
Polícia aponta reviravolta em caso de morte de turista em Jericoacoara
-
Brasil
Pai de turista assassinado em Jericoacoara: “Meu filho não é bandido”
-
Brasil
Pai abordou grupo que matou filho em Jericoacoara durante as buscas
“O Henrique não faleceu em virtude de ter feito um símbolo numa postagem no Instagram. Ele faleceu porque chamou a atenção dos criminosos por estar vestindo uma blusa, que teria um símbolo ou desenho relacionado a um grupo criminoso rival. A partir disso, os criminosos, supostamente, o julgaram integrante do tal grupo e mexeram no celular dele para buscar mais informações”, explica o delegado.


Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, vítima de assassinato, durante viagem de férias para Jericoacoara, Ceará
Reprodução
Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, ao lado do pai, Danilo Martins de Jesus, durante a viagem em Jericoacoara (CE)
Arquivo Pessoal
Imagem de reprodução do vídeo que mostra Henrique sendo levado por grupo de homens
Reprodução
“Meu filho não é bandido”
Em defesa à reputação do filho, que foi associado ao mundo do crime e apontado como suposto integrante de facção, após a morte, o pai de Henrique disse em entrevista ao Metrópoles, em dezembro do ano passado, que o adolescente não era bandido.
“Estão querendo inverter a situação, como se ele fosse bandido para abafar o caso. Meu filho não é bandido. Ele não foi a primeira nem será a última vítima do que acontece lá [em Jericoacoara], aquele lugar amaldiçoado”, disse ele, em tom de revolta.
O corpo de Henrique foi encontrado em 18 de dezembro em um ponto próximo à Lagoa Negra, numa área afastada do centro da vila turística. A polícia acredita que o grupo de traficantes levou o garoto para uma praia deserta, chamada Praia da Malhada, e o agrediu até a morte, antes de abandonar o corpo em outro local.