O caseiro Jorge Ávalo, de 60 anos, conhecido como “Jorginho”, teve partes do corpo localizadas por equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) e moradores na manhã desta terça-feira (22/4), após ter sido atacado e morto por uma onça-pintada na região de Touro Morto, próximo à confluência dos rios Miranda e Aquidauana (MS).
Jorginho, que era pai de dois filhos, estava desaparecido desde a madrugada de segunda-feira (21/4). Ele foi atacado por uma onça enquanto tentava coletar mel em um deck próximo à mata, onde trabalhava como caseiro havia cerca de 20 anos em um pesqueiro particular.
Jorginho costumava ver onças com frequência nas redondezas e tinha receio de possíveis ataques. Uma semana antes do incidente, ele até gravou um vídeo alertando sobre a presença do animal silvestre na área onde trabalhava.
A comunidade local conhecia bem Jorginho, e sua ausência foi percebida por um guia de pesca que foi ao local para comprar mel e ficou preocupado ao notar que ele não estava lá. Lá, o homem encontrou vestígios de sangue e pegadas do animal próximo ao deck. Além dos policiais, familiares da vítima ajudaram nas buscas pelo corpo de Jorge


Jorginho era bastante conhecido na localidade.
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Onça que devorou caseiro pode ter atacado por fome, diz PMA
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Na manhã de terça-feira (22/4), os restos mortais de Jorginho foram encontrados em um capão de mato
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A PMA investiga se a escassez de alimentos na região pantaneira e um possível comportamento defensivo motivaram o ataque do felino. O restante do corpo de Jorge foi encontrado em um capão de mato, a aproximadamente 280 metros do rancho.
Ainda de acordo com a PMA, as primeiras evidências indicam que o comportamento do animal pode estar ligado à escassez de suas presas naturais, como capivaras e catetos. Isso pode estar fazendo com que grandes felinos se aproximem de áreas habitadas em busca de alimento.
A corporação também está considerando outras possibilidades, como uma reação defensiva da onça em resposta a alguma ação involuntária da vítima, ou um aumento na agressividade durante o período reprodutivo da espécie.
“A investigação segue em andamento, mas há fortes indícios de que a escassez de alimento esteja interferindo diretamente no comportamento dos grandes predadores da região”, informou um porta-voz da PMA.
O corpo da vítima foi recolhido pelos agentes e encaminhado para perícia técnica, localizada no Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana.
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Entenda o caso
Após ter sido dado como desaparecido, equipes da Polícia de Corumbá, Miranda e Aquidauana seguiram em direção ao local indicado pela denúncia. A veracidade dos fatos foi constatada e as autoridades acionaram o Grupamento Aéreo da Polícia Militar (GPA) e a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul (PCMS).
As buscas continuaram ao longo do dia e foram interrompidas durante a noite, sendo reiniciadas nas primeiras horas desta terça-feira. Policiais ambientais, familiares e guias da região encontraram parte do corpo de Jorge em uma área de mata próxima ao rancho. Equipes de perícia criminal e de uma funerária foram chamadas para realizar os procedimentos legais necessários.
De acordo com a PMA, levando em conta o estado do corpo e a presença de um grande felino no local, é possível concluir, com base nas evidências, que o caseiro foi atacado por uma onça-pintada.
Durante as buscas pelo corpo de Jorginho, a onça que matou o caseiro retornou ao local onde os restos mortais da vítima haviam sido encontrados e tentou esconder o corpo novamente. Ela chegou a arranhar um dos integrantes da equipe de buscas.
De acordo com informações ditas em um vídeo gravado durante as buscas, os restos mortais de Jorginho foram localizados com o auxílio de trilhas deixadas pela onça ao longo da mata. O corpo da vítima estava sendo arrastado pela onça por mais de 50 metros quando os agentes chegaram ao local. A situação se agravou quando o animal, ao ser surpreendido pelos policiais e populares, teria avançado contra o grupo.