Escolhido para comandar o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até julho, o senador Humberto Costa (PE) defendeu o fim da federação do partido com o PCdoB e com o PV, pelo menos nos termos atuais. Em entrevista ao Metrópoles, o congressista avaliou que o atual acordo entre as siglas prejudicou os petistas no número de vagas do Legislativo.
“Acho que a federação foi um espaço onde o PT mais perdeu que ganhou. Estamos federados com partidos com importância política, mas se ela se mantém, precisamos rediscutir os princípios e estatutos. O PT, que é quem mais constrói cauda para eleger parlamentares, terminou por deixar de ganhar alguns mandatos importantes”, afirmou Humberto Costa.
A “cauda” à qual se refere o petista faz referência à divisão de vagas de deputado federal por partido, a partir do voto de cada um deles. Funciona assim: uma legenda que faça muitos votos pode eleger mais parlamentares, mesmo que eles não sejam os mais votados individualmente. No caso da federação, um congressista de uma sigla que não teve um bom desempenho pode ser eleito, por causa dos votos de uma legenda maior que faz parte da federação.
Humberto afirmou que uma das ideias para favorecer os petistas nesse acordo é dar um peso diferenciado aos partidos na eleição dos congressistas. “Havendo uma readaptação do estatuto, acredito que podemos ter a continuidade. Caso não aconteça, não será uma vantagem para o PT. Vamos discutir”, completou Humberto Costa.
A federação do PT com o PCdoB e com o PV foi formada em 2022, no contexto da eleição de Lula à Presidência. Esse tipo de aliança, que obriga os partidos a escolherem candidato único nos cargos majoritários, é válida por quatro anos, sem possibilidade de rompimento.
Humberto na presidência do PT
O senador assumiu a presidência do PT para um “mandato tampão”. O posto ficou vago após a presidente Gleisi Hoffmann, que tinha mandato até julho, se tornar ministra de Relações Institucionais num contexto de reforma ministerial.